O primeiro transplante de córnea foi feito nos primeiros anos do século XX, quando o médico austríaco Edward Konrad Zirm realizou o procedimento em um operário que teve os olhos queimados por soda cáustica. Desde aquela época, o transplante de córnea passou por uma grande evolução, com utilização de novos medicamentos, uso de microscópios, conservação de córnea e imuno depressores, entre outros.
Uma das principais evoluções foi o desenvolvimento de técnicas que permitem que se troque apenas a camada doente da córnea, o que possibilita ao cirurgião tratar até dois pacientes com uma mesma córnea doada (conhecido como transplante lamelar, que pode ser feito na parte anterior ou posterior da córnea).
Atualmente, a técnica mais utilizada para transplante penetrante de córnea, substituindo a córnea toda, é realizada com 16 pontos separados, que são retirados depois do terceiro mês de cirurgia, sendo um procedimento feito em etapas, conforme a avaliação feita pelo cirurgião através de topografia corneana computadorizada.
Novas técnicas, novos equipamentos
Um dos equipamentos mais recentes utilizados no transplante de córnea é o microcerátomo, que possibilita a realização de cortes mais precisos e regulares no procedimento, aplicado no transplante lamelar profundo, quando não se retira todo o tecido da córnea, e sim apenas a parte danificada ou doente.
Com essa técnica é possível preservar as camadas mais profundas, que ainda estão sadias, sendo um procedimento cirúrgico indicado para doenças que não afetaram todas as camadas da córnea.
Nessa nova técnica existe a vantagem de recuperação visual mais rápida, com menor risco de rejeição e com maior tempo de sobrevida do transplante para o paciente, já que preserva as células endoteliais do receptor.
Com as novas técnicas de transplante de córnea, o fator tempo também tem sua redução, baixando da média de 3 horas anteriores para uma hora ou pouco mais, havendo ainda a grande vantagem de se utilizar apenas uma córnea doada para a cura de dois pacientes, o que é um grande avanço para a área, possibilitando reduzir a grande fila de espera de pacientes que precisam do transplante.
Existem ainda outros dois tipos de transplante de córnea, o penetrante e o endotelial, cada um sendo indicado pelo grau de comprometimento da córnea danificada ou doente.
No penetrante, troca-se toda a região central do tecido e toda a espessura, podendo-se usar equipamentos a laser, que possibilitam os cortes precisos necessários, havendo menos tempo na recuperação do paciente. O endotelial é o transplante lamelar, feito na parte mais profunda da córnea, quando doente, deixando o restante normal.
Os objetivos das novas técnicas de transplante de córnea são, principalmente, evitar a total remoção da córnea, trocando apenas as partes comprometidas, e isso representa um grande avanço em relação às técnicas usadas no passado, possibilitando o atendimento do dobro de pacientes (já que uma córnea doada pode atender a até dois pacientes), e propiciando menor tempo de recuperação, menor índice de rejeição e maior sucesso no procedimento cirúrgico.
Novas técnicas ainda surgirão. Possivelmente, num futuro próximo, a fila possa ser reduzida gradativamente com a utilização de córneas artificiais, que poderão atender tão bem ou melhor que as córneas doadas, trazendo benefícios mais rápidos a todos os pacientes que hoje precisam do transplante de córnea.